Chegada do Ruda-CBVela no Rio de Janeiro - Foto CBVela
Depois de 43 horas 46 minutos e 15 segundos o veleiro Rudá-CBVela cruzou a linha de chegada próximo à Ilha da Lage na Baia da Guanabara, Rio de Janeiro.
Foi uma regata dura. Depois da largada, o veleiro Ruda-CBVela montou a boia de contravento em 2º lugar. Na frente, somente o veleiro Sorsa. Depois disso, o percurso era livre até a chegada. Após a Ilha da Moela, os veleiros começaram a se dispersar em função do desempenho de cada um e das diferentes estratégias da regata.
Próximo ao través de Bertioga fizeram a única refeição da regata: uma macarronada. Depois seria a base de sanduiche, barrinha, bolacha e chocolate.
O vento variava ao redor de 15 nós vindo do quadrante leste, ou seja, contravento. A previsão era velejada em contravento durante toda a regata.
Para os turnos, a tripulação foi dividida em duplas e cada dupla atuava 8 horas e descansava 4 horas. A cada 2 horas uma das duplas descansava. A dupla de Nicolas foi o Maguila.
No início da noite do primeiro dia, os primeiros veleiros se aproximaram de Ilhabela. Alguns optaram por percorrer o Canal de São Sebastião. Torbem Grael, comandante do Rudá-CBvela, preferiu passar por fora de Ilhabela, em busca de vento mais intenso, mas também sujeito a mais ondulação. O vento no período da noite já variava entre 20 e 30 nós com muita onda. Todos os tripulantes que ficavam na escora ficaram molhados, é muito difícil ficar seco nesta condição, mesmo com a roupa de tempo, a água entra pelos punhos da manga, barra da calça, ... por todos os cantinhos da roupa de tempo.
Durante a madrugada, com vento aproximado de 25 nós, a buja (vela da proa) estourou. Era uma buja média/dura que foi trocada para uma buja dura. Para a proa foram Samuca, Ian e Marina, depois também Maguila. Esse é um trabalho complicado de ser realizado nessa condição de vento e onda, principalmente à noite.
Durante a primeira noite as condições foram muito difíceis. Muitos barcos abandonaram por quebra, principalmente do leme, que é muito exigido no contravento com ondulação alta. Porém, o veleiro Kazé teve um grave acidente. Conforme seu comandante, Gilson Katayama, o mastro partiu e a mastreação caiu para sotavento, porém a retranca bateu na cabeça de um tripulante. Devido às condições do mar, não foi possível realizar a evacuação do tripulante para o navio Amazonas da Marinha, que atendeu ao chamado de socorro. Nem mesmo utilizando a lancha inflável seria uma operação segura. A alternativa seria navegar até São Sebastião onde uma equipe do SAMU aguardava. Para isso, foi necessário cortar todos os estais para liberar a mastreação e seguir motorando. Felizmente o tripulante está fora de perigo de vida, mas teve um forte traumatismo craniano e encontra-se hospitalizado e em recuperação já consciente.
Ao amanhecer do segundo dia (sábado), o vento diminuiu para 15 nós até por volta do meio dia, quando novamente aumentou para 20 nós ficando assim até as 3 horas da manhã do terceiro dia da regata (domingo). A partir daí o vento começou a diminuir, momento que foi colocada uma buja de vento fraco.
Já de manhã, o Ruda-CBVela cruzou a proa do veleiro Avohai (comandante Lars Grael) e foi alcançado pelo veleiro Ventaneiro III, que usou a estratégia de velejar mais afastado da costa buscando ventos mais fortes.
O Ruda-CBVela cruzou a linha de chegada montada próxima à Ilha da Lage da Baia da Guanabara as 8h30 da manha de domingo, dia 25 de outubro.
A tripulação do veleiro Rudá CBVela era composta por uma mescla de velejadores experientes em regatas de longo percurso e jovens:
- Experientes:
- Torben Grael
- Henry Boening (Maguila)
- Samuel Gonçalves (Samuca)
- Nick Grael
- Jovens:
- Nicolas Bernal(SP)
- Giovana Prada (SP)
- Bruna Patrício (SP)
- Marina Ardnt (SP)
- Ian Paim (RS)
- Gabriel Simões (RS)
- Fernando Madureira (RJ)
- Joana Gonçalves (RJ) - tripulante mirim.
Apesar da condição dura da regata, foi uma grande experiência para os velejadores menos experientes em regatas de grande percurso.